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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Águas do Amazonas invadem escola em Santarém e alunos saem de férias


As aulas do ano letivo de 2010 em 46 escolas de Santarém, terminaram na semana passada. O calendário da Secretaria Municipal de Educação prevê que os alunos fiquem em férias em maio, junho e julho e retornem às aulas apenas no início de agosto, quando começa o ano letivo de 2011. Quem manda neste calendário é o Rio Amazonas, que banha a cidade de 290 mil habitantes.
No período de cheia, a água invade toda a região de várzea, incluindo casas e escolas. Antes disso, o transporte escolar já começa a ser feito por barcos e lanchas. Por isso o recesso escolar é diferente das demais escolas da cidade, que seguem o ritmo tradicional e têm férias nos meses de julho e dezembro.
Na várzea, as escolas são de madeira e são construídas nos pontos mais altos, mas é comum haver perda de equipamentos ou material didático por conta da água. Antes do início do ano letivo, em agosto, às vezes é necessário promover reformas.
- Em algumas comunidades, não há terra firme em nenhum lugar. A água vai engolindo tudo, por isso temos de obedecer o ritmo das águas. Não tem como lutar contra o rio - diz Lucineide Pinheiro, secretária de Educação de Santarém.
A secretária estuda, junto ao governo federal, a criação de uma escola flutuante que funcionaria dentro de um barco.
A energia elétrica chegou há pouco tempo na região de várzea de Santarém, por meio de gerador, porém nenhum dos colégios possui computadores. Os professores, entretanto, garantem vontade de ensinar não falta.
- Nasci e me criei aqui, por isso conheço a necessidade dos alunos e da comunidade. É preciso haver compromisso com que a gente faz. Nós sabemos que estamos preparando pessoas e que se não estivéssemos lá, elas estariam com seu futuro comprometido - afirma Edinalda Pimentel Silva, de 43 anos, diretora da Escola Municipal São Jorge que reúne cerca de 300 alunos dos ensinos fundamental e médio.
Nalda, como é conhecida na região, conta que já foi convidada a dar aulas em outros pontos da cidade, mas se diz "amarrada" no interior.
Para a diretora, o calendário diferenciado nas escolas da várzea garante um índice de evasão muito baixo.
- Se fôssemos acompanhar o período urbano, as crianças não viriam. Porque é perigoso. Além do mais, neste período, muitas famílias se mudam para áreas de 'terra firme'" - comenta Nalda.
Também é comum as crianças ajudarem os pais a pescar durante as férias.
Nalda diz que os alunos são interessados. E por mais que não possam contar com tecnologia no suporte às aulas, ela não acredita que haja defasagem em relação aos demais estudantes de Santarém.
- Eles têm força de vontade grande, durante o ensino médio vão para o centro para fazer curso de informática e são motivados a trabalhar. Neste ano, duas alunas vão fazer faculdade. Fico muito feliz quando isso acontece.


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